Na primeira edição do programa Jogo Limpo, em 2022, seis organizações de mídia foram selecionadas para receber fundos e mentoria no desenvolvimento de projetos de combate à desinformação. Após o sucesso destas iniciativas, neste ano o Jogo Limpo 2.0 selecionou nove projetos para receberem até $13.750 dólares e cinco meses de mentoria. O Jogo Limpo 2.0 é uma iniciativa do Centro Internacional para Jornalistas em parceria com o YouTube Brasil.
Por meio da mentoria, as equipes selecionadas terão o apoio de especialistas nas áreas de negócios, desinformação e desenvolvimento de projetos para explorarem o potencial máximo de suas organizações e alcançarem o impacto desejado com suas iniciativas. Entre as ganhadoras estão organizações das regiões Norte, Nordeste e Sudeste do País.
Mais de 80 inscrições foram submetidas ao Jogo Limpo 2.0 entre os dias 24 de janeiro e 12 de março. A seleção dos projetos vencedores foi feita por uma equipe composta por duas especialistas do ICFJ e juízes externos do Brasil e da Argentina, considerando critérios como inovação e criatividade, adequação ao tema e estruturação da proposta.
Ao longo dos próximos meses, as equipes selecionadas desenvolverão sólidos projetos de enfrentamento à desinformação focados em literacia midiática, produção de conteúdo e desenvolvimento tecnológico.
Conheça os projetos vencedores:
1. Ampliando a voz da comunidade negra contra a desinformação:
- Problema a resolver: Falta de informações estruturadas sobre como a desinformação atinge a população negra no Brasil, que tem como consequência poucos projetos e campanhas de combate à desinformação com este enfoque.
- Projeto: Campanha para coleta de denúncias de notícias falsas direcionadas às pessoas negras. Após coleta, será feita a checagem e análise das denúncias. Os autores do projeto irão produzir um relatório pioneiro com indicativos e recortes sobre como a desinformação afeta a população negra no Brasil.
- Organização: Alma Preta Jornalismo, em parceria com Sleeping Giants Brasil
2. Checagem Acessível:
- Problema a resolver: Falta de acessibilidade nas plataformas de checagem de notícias e consequente maior vulnerabilidade das pessoas com deficiência à desinformação que circula nas redes.
- Projeto: Construção de um relatório com diagnóstico do nível de acessibilidade dos onze sites verificadores de notícias brasileiros; elaboração de um manual detalhando como as ferramentas de verificação podem tornar suas funcionalidades mais adequadas às diretrizes de acessibilidade e, por fim, capacitação em comunicação acessível e tecnologias assistivas para as equipes de todas as organizações que foram analisadas.
- Organização: Eficientes, em parceria com a Lume Acessibilidade
3. Escola livre de ódio:
- Problema a resolver: Crescimento mundial do extremismo — com ataques às escolas sendo uma de suas repercussões nacionais — associado ao alto consumo de notícias falsas e atitudes intolerantes. Essa realidade leva à exposição das juventudes a narrativas extremistas em um contexto de baixa instrumentalização na comunidade escolar para combater a circulação e os efeitos das notícias falsas.
- Projeto: Guia multimídia para educadores sobre a relação da desinformação com o crescimento do extremismo e de discursos de ódio nas escolas brasileiras. O material investiga o contexto de ataques em escolas e oferece orientações para professores promoverem práticas de combate às notícias falsas e de educação midiática.
- Organização: Instituto Porvir
4. Pulpo Antifiction:
- Problema a resolver: Narrativas falsas que questionam a credibilidade do sistema eleitoral e colocam em risco a democracia.
- Projeto: Um mapa global interativo para concentrar, num só lugar, características essenciais de todos os sistemas eleitorais do mundo e permitir comparações. A audiência poderá selecionar países diferentes e comparar processos eleitorais, obtendo informações sobre cada sistema (tempo de apuração, tamanho do eleitorado, obrigatoriedade do voto ou não, etc).
- Organização: Correio Sabiá
5. Educação midiática para comunidades ribeirinhas, indígenas e periféricas da Amazônia
- Problema a resolver: Distanciamento estrutural entre populações socialmente vulneráveis e o universo do jornalismo, um dos motivos para o grande impacto das notícias faltas entre essas populações, além da hostilidade para com o trabalho de jornalistas.
- Projeto: Oficinas de alfabetização midiática para comunidades ribeirinhas, indígenas e periféricas de cidades da Amazônia, tendo como objetivo principal aproximar esses leitores do universo da produção da notícia. Na última etapa do projeto, participantes de cada localidade construirão um jornal comunitário, para que o projeto deixe um legado na região.
- Jornalista: Cley Medeiros
6. Pergunta pra Folhinha!
- Problema a resolver: Crianças podem ficar expostas a todo tipo de conteúdo em vídeo, incluindo informações falsas e materiais de baixa qualidade. Somado a isso, existe ainda pouquíssimo conteúdo para esta faixa etária que enderece o problema.
- Projeto: Série de vídeos animados para crianças entre 4 e 12 anos que abordem, de forma lúdica, temas sensíveis e atuais que, constantemente, são alvos das narrativas desinformacionais. O objetivo final é que as crianças sejam também apresentadas ao jornalismo profissional numa idade em que suas percepções sobre o mundo estão sendo formadas e em que a educação midiática exerce papel fundamental.
- Organização: Folha de São Paulo
7. Quer que eu desenhe? - Combatendo a desinformação da cultura no Brasil
- Problema a resolver: Campanhas de desinformação sobre as políticas públicas de cultura, o financiamento da cultura e artistas que compõem o cenário cultural do país.
- Projeto: Produção de conteúdo de qualidade e em novos formatos do jornalismo digital para combater a desinformação no campo da cultura e arte. Os formatos serão: jornalismo em quadrinhos, FAQ ilustrado (com uso de animação e interatividade) e Vídeos-Ensaios.
- Organização: Revista O Grito!
8. Lupa nos Golpistas
- Problema a resolver: Impacto das informações falsas e campanhas coordenadas de desinformação nos processos eleitorais.
- Projeto: Mapeamento das publicações falsas que levaram brasileiros a participarem de atos antidemocráticos em Brasília no dia 8 de janeiro de 2023 e posterior produção de um documentário de média metragem, focado nos indivíduos que participaram destas ações, que demonstre como as informações falsas impactam diretamente a vida das pessoas e muda o curso da história de nações.
- Organização: Lupa
9. Amazônia Vox
- Problema a resolver: Desinformação ambiental e dificuldade de acesso de jornalistas de outros estados e países a fontes com conhecimento da Amazônia, além de baixo protagonismo de lideranças e vozes amazônicas em reportagens sobre o tema.
- Projeto: Plataforma, já em desenvolvimento, irá oferecer um vasto banco de fontes da Amazônia, com autoridades, especialistas e lideranças da região em diferentes áreas de conhecimento, facilitando o contato com jornalistas. O projeto produzirá também uma série de conteúdo multimídia com cientistas e lideranças amazônicas, visando apoiar o combate à desinformação sobre a região, especialmente na área de mudanças climáticas, meio ambiente e saúde.
- Jornalista: Daniel Nardin
Ao fim do desenvolvimento das iniciativas, o ICFJ irá promover um evento virtual para que as equipes dos projetos compartilhem as soluções, bem como desafios e aprendizados do processo.